RESUMOS DO 41º CONGRESSO DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA DO RIO DE JANEIRO - 6 a 8 de julho de 2017
OBSTETRÍCIA - PÔSTER

2018
Vol. 110 - Nº.02
Pag.47 – 54

Abscesso difuso com peritonite supurada em pós-operatório de cesariana: relato de caso

Camila de Faria Borges 1 *

Thalita Pereira de Oliveira Rocha 1

Sumara Vargas Hübner Valinho 1

Kathelyn Ferreira Cordeiro 1

1Faculdade de Medicina de Campos - Campos dos Goytacazes (RJ), Brasil.

*Autor correspondente: camilafb@outlook.com.br

Objetivos: Relatar o caso de uma puérpera que iniciou com quadro de dor abdominal e eliminação de conteúdo vaginal purulento em aproximadamente 15 dias após a realização de cesariana. Ao exame físico, a paciente se encontrava hidratada, eupneica, anictérica, normocorada, com dor e enrijecimento à palpação abdominal, peristalse presente e útero contraído. Apresenta história prévia de febre reumática. Foi indicada cirurgia de urgência e realizada laparotomia exploradora, a qual constatou a presença de abscesso difuso e peritonite supurada.

Material e Métodos: Dados clínicos, laboratoriais, métodos de imagem e cirúrgico.

Resultados: Ao ECO Doppler, presença de estenose mitral moderada, insuficiência mitral leve, insuficiência aórtica leve à moderada e insuficiência tricúspide moderada. À ultrassonografia abdominal total, observou-se líquido livre em todos os quadrantes, além de uma volumosa imagem de conteúdo trabeculado em contiguidade com o fígado, medindo aproximadamente 16,3x8,7 cm, também visualizada por ultrassonografia transvaginal. À rotina de urina, presença, por campo, de seis piócitos e oito hemácias. Ao hemograma, leucocitose com neutrofilia, trombocitose, anemia com microcitose e anisocitose. À radiografia de tórax, aumento de ventrículo direito e hipertensão pulmonar. À laparotomia exploradora, abscesso difuso e peritonite supurada.

Conclusão: A cesárea, quando comparada ao parto normal, associa-se com maior morbidade e mortalidade materna e neonatal. Embora o advento da cesariana tenha benefícios inegáveis quando indicada adequadamente, a cirurgia apresenta alguns riscos e desvantagens, entre eles a infecção puerperal, que se define como qualquer infecção bacteriana do trato genital feminino no pós-parto recente. A infecção de sítio cirúrgico, como é o caso do abscesso de parede ocorrido após a cesárea, é definida como todo processo infeccioso inflamatório da ferida ou cavidade operada que drene secreção purulenta, com ou sem cultura positiva. Ocorre em até 30 dias após a realização do procedimento e pode envolver a incisão de estruturas como pele, tecido subcutâneo, fáscia, tecido muscular, útero, tecido ósseo e peritônio. A infecção da parede abdominal ocorre em 3 a 16% das operações cesarianas. No Brasil, a infecção puerperal é a terceira causa de mortalidade materna e, entre os seus fatores predisponentes mais comuns, estão a própria cesárea, anemia e baixo nível socioeconômico, os quais podem ter contribuído para o quadro clínico da paciente.

Palavras-chave: abscesso; cesárea; período pós-operatório.


Associação entre titulação do VDRL de parturientes portadoras de sífilis e resultados perinatais adversos

Denise Leite Maia Monteiro 1 *

Luciane Rodrigues de Cerqueira 1

Bianca de Melo Araújo 2

Caroline Tavares Monteiro 2

Alexandre Jb Trajano 3

Thaiane Chaves da Silva 2

1Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

2Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira; Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

3Universidade do Grande Rio - Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

*Autor correspondente: denimonteiro2@yahoo.com.br

Objetivo: Correlacionar os títulos maternos de VDRL na internação com a transmissão vertical e os desfechos fetais adversos.

Método: Estudo transversal por análise dos prontuários de 79 parturientes portadoras de sífilis internadas no Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (HUPE/UERJ) no período de 2012 a 2014. Utilizamos o programa Epi-Info 7.1.5 para a construção do banco de dados e análise estatística. Os critérios utilizados para conceituar os desfechos foram: natimortalidade (se óbito fetal após 22 semanas e/ou ≥500 gramas); neomortalidade (morte do concepto após o nascimento até 28 dias de vida); recém-nascido com baixo peso (quando <2.500 g); e prematuridade (se parto ocorreu entre 28 e 37 semanas de gestação).

Resultados: Entre as 79 gestantes com sífilis, 31 apresentavam VDRL<1:8 e 48 tinham VDRL≥1:8. Quando o VDRL era ≥1:8, ocorreram desfechos desfavoráveis em 21 bebês (43,8%) e, quando era <1:8, ocorreram desfechos desfavoráveis em 5, o que corresponde a 16,1% (p=0,01). Os desfechos adversos fetais totalizaram 32,9%, sendo: 3,8% de baixo peso, 5% de morte perinatal (2 natimortos e 2 neomortos), 5,1% de Apgar<7, 17,7% de prematuridade e 1,3% de malformação congênita. Nenhum recém-nascido nasceu sintomático. Quando se avaliou a associação entre os títulos de VDRL e a transmissão vertical da doença, verificou-se que não houve significância (p=0,24), demonstrando que, mesmo com títulos baixos, pode haver infecção fetal, embora em menor proporção (34,6 x 65,4%).

Conclusão: A transmissão vertical ocorreu mesmo em gestantes com baixos títulos de VDRL, mas a chance de desfechos fetais adversos foi maior quando os títulos foram ≥1/8.

Palavras-chave: sífilis; transmissão vertical de doença infecciosa; gravidez.


Avaliação das pacientes com rotura prematura de membranas ovulares do núcleo perinatal do Hospital Universitário Pedro Ernesto durante os anos de 2014 e 2015

Fátima Regina Dias de Miranda 1

Marcela de Oliveira Almeida Marques Gonçalves 1 *

1Hospital Universitário Pedro Ernesto, Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

*Autor correspondente: maralmeida81@gmail.com

Introdução: A Rotura Prematura das Membranas Ovulares (RPMO) é a rotura das membranas antes do início do trabalho de parto. A RPMO afeta 8-10% das gestações, sendo que a RPMO pré-termo corresponde a 3% das gestações. As complicações respiratórias são frequentes após a RPMO, bem como sepse, hemorragia intraventricular, retinopatia e enterocolite necrotizante. Entre as complicações respiratórias mais comuns a hipoplasia pulmonar é uma causa importante de morte. As gestações que complicam no segundo trimestre pela RPMO estão associadas com altos custos imediatos e em longo prazo. Estes custos estão relacionados a internações prolongadas em maternidades, aumento da incidência de parto prematuro e pelas complicações neonatais mais frequentes. Sendo assim, o objetivo geral desse estudo foi analisar as pacientes que tiveram o diagnóstico de RPMO do Núcleo Perinatal da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) durante os anos de 2014 e 2015.

Objetivo: Os objetivos específicos foram avaliar o resultado perinatal das gestações complicadas pela RPMO (Apgar de 1º e 5º minutos; peso ao nascer, adequação à idade gestacional, complicações neonatais), analisar qual tipo de parto e sua relação com a idade gestacional no contexto da RPMO e avaliar as taxas de RPMO pré-termo ou a termo no Hospital Universitário Pedro Ernesto.

Métodos: A metodologia utilizada foi o modelo de estudo transversal, o qual possui caráter observacional. Nesse estudo, selecionamos 69 pacientes gestantes que tiveram a RPMO como diagnóstico dentro do grupo de gestantes que foram atendidas no período de janeiro de 2014 a dezembro de 2015 no Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE). Foi realizada a análise das variáveis materno-fetais, assim como a análise da frequência da RPMO nas gestações por meio de ferramentas estatísticas e os resultados foram descritos em gráficos e tabelas.

Resultados: Observou-se que 6% das gestações do HUPE nos anos de 2014 e 2015 foram diagnosticadas como RPMO, 51,7% dessas gestações foram diagnosticadas como sendo RPMO pré-termo, a via de parto preferencial quando relacionada à idade gestacional foi o parto vaginal e os parâmetros que avaliaram a vitalidade do RN foram considerados dentro do que a literatura revisada propõe.

Conclusão: Baseados na análise desse presente estudo concluímos que quando o diagnóstico de RPMO ocorre precocemente pode diminuir efetivamente o índice de morbimortalidade tanto maternas quanto fetais e que a assistência através de um pré-natal de qualidade pode prevenir as complicações já descritas acima.

Palavras-chave: Âmnio; Ruptura Prematura de Membranas Fetais; Avaliação de Resultados


Crescimento intrauterino restrito: avaliação da etiologia em um centro terciário no Rio de Janeiro

Renata Pereira Teodoro 1

Filipe Teixeira Duarte 1

Isabella Bacil Lourenço Ferreira 1

Kelly Benikes Ferreira 1

Rafaela Pires de Souza 1

Guilherme Ribeiro Ramires de Jesús 1 *

1Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz - Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

*Autor correspondente: guilhermedejesus@gmail.com

Objetivo: Avaliar a etiologia dos fetos diagnosticados com crescimento intrauterino restrito (CIR) durante a gestação de pacientes atendidas em um centro terciário.

Material e Métodos: Foi realizada uma coorte retrospectiva utilizando o banco de dados do serviço de Medicina Fetal, sendo incluídas gestações únicas cujos fetos apresentaram CIR (peso fetal abaixo do percentil 10 para a idade gestacional) e acompanhadas no período entre 1 de janeiro e 31 de dezembro de 2015 na mesma unidade. Os prontuários foram analisados quanto aos dados maternos e fetais.

Resultados: 95 pacientes foram incluídas no estudo, sendo que 65 (68,42%) apresentaram feto com algum tipo de malformação congênita, 20 (21,05%) apresentaram defeitos de parede anterior; 22 (23,16%) do sistema nervoso central; e 13 (16,68%) do aparelho cardiovascular. Do total, 23 fetos apresentaram mais de uma malformação (24,21%). Apesar da existência de 6 gestantes acometidas por sífilis, 5 por toxoplasmose e duas por Zika vírus durante o pré-natal, nenhum dos fetos apresentou alteração sugestiva de infecção congênita na ultrassonografia. Das 21 pacientes que realizaram cariótipo fetal, 14 tinham algum tipo de alteração cromossomial. Três pacientes eram tabagistas, uma paciente (1,05%) era portadora de hipertensão arterial crônica, 26 (27,36%) apresentaram hipertensão gestacional/pré-eclâmpsia. A avaliação pré-natal através da dopplervelocimetria da artéria umbilical mostrou que 64 (67,36%) fetos apresentaram resultado normal, 14 (14,73%) tinham centralização e 5 (5,26%) apresentaram diástole zero/reversa. 63% dos partos ocorreram via cesárea, sendo 35% por sofrimento fetal agudo.

Conclusão: Em nossa unidade, há um predomínio de fetos com CIR de causas não placentárias, apesar de predomínio amplo de CIR na literatura de causas associadas à insuficiência placentária. O conhecimento da fisiopatologia das causas de CIR não placentárias, bem como a ausência de um modelo de vigilância do bem-estar fetal bem definido nestes casos, sugerem um papel secundário da avaliação da dopplervelocimetria, bem como seu uso para justificar a interrupção destas gestações. Estudos prospectivos são necessários para analisar de maneira mais exata ferramentas de vigilância do bem-estar fetal nessas gestações.

Palavras-chave: Desenvolvimento Embrionário e Fetal; Retardo do Crescimento Fetal; Peso Fetal


Desempenho obstétrico da gestante adolescente no Brasil

Denise Leite Maia Monteiro 1 *

Flavio Monteiro de Souza 2

Alexandre José Baptista Trajano 2,3

André Luiz Clemente Beralto 2

Artur Fernando Domingues de Carvalho 2,4

Alice Bagdadi Teixeira da Costa 2,4

1Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Centro Universitário Serra dos Órgãos - Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

2Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

3Universidade do Grande Rio - Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

4Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira. Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

*Autor correspondente: denimonteiro2@yahoo.com.br

Objetivo: Descrever os resultados gestacionais de adolescentes em comparação com gestantes de 20 a 34 anos de idade, visando a definir o desempenho obstétrico da adolescente brasileira.

Método: Estudo transversal por análise multivariada do banco de dados do Sistema de Informações de Nascidos Vivos do Brasil no ano de 2014, constituído por 2.823.572 registros. A população de estudo foi constituída por um grupo de adolescentes (até 19 anos), e um de adultas (20 a 34 anos). Estudaram-se as variáveis de assistência, o desfecho da gravidez e as características do recém-nascido. Na análise dos dados, utilizou-se o programa SPSS versão 24.

Resultados: A prevalência de nascidos-vivos de mães adolescentes foi de 18,7% (527.423 NV). A maioria das mães adolescentes é primigesta (78,6%). O número de perdas fetais/abortamentos e de gestações gemelares foi menor no grupo de adolescentes. A adesão ao pré-natal foi de 98,1% e a maioria iniciou a assistência no primeiro trimestre (adolescentes=69,3%; adultas=80,8%). As adolescentes tiveram mais filhos com idade gestacional <37 e ≥42 semanas, atingindo chance 61% maior de prematuridade extrema (22 a 27 semanas, OR=1,61) e 14% maior de gravidez pós-termo (OR=1,14) em comparação com as adultas. A chance de apresentar recém-nascidos de baixo peso ou macrossômico foi menor no grupo de adolescentes (OR=0,93 e 0,81). O Apgar no 5º minuto <7 foi semelhante nos dois grupos. A adolescente teve menor proporção de apresentação pélvica (OR=0,95) e maior chance de parto vaginal (OR=1,63).

Conclusão: Os resultados gestacionais da adolescente são semelhantes aos da adulta, exceto no que diz respeito à maior chance de prematuridade e menor chance de parto cesáreo.

Palavras-chave: adolescência; saúde sexual e reprodutiva; assistência.


Gestação ectópica, uma emergência obstétrica

Patricia Mendonça Ventura 1 *

Adriene de Lima Vicente Ferreira 1

Maria Aparecida Malta Esteves 1

Valéria Pereira de Moraes 1

Maira de La Rocque Pinho Araujo 1

Laura Rabelo Freitas 1

1Hospital Universitário Antônio Pedro - Niterói (RJ), Brasil.

*Autor correspondente: patriciamventura07@gmail.com

Objetivo: A gestação ectópica ocorre fora da cavidade uterina, sendo 98% dos casos nas trompas. Corresponde à primeira causa de morte materna no primeiro trimestre. São fatores de risco: dano tubário prévio, doença inflamatória pélvica, tabagismo e fertilização in vitro. O diagnóstico precoce é fundamental para reduzir a morbimortalidade materna.

Material e método: DGSM, 32 anos, IIG 0P IA, tabagista, teste de gravidez positivo e ultrassonografia transvaginal (USGTV) indicando gestação tópica de 9 semanas. Referindo dor abdominal desde a descoberta da gestação. Procurou emergência devido a agravamento da queixa álgica associado a sangramento transvaginal em pequena quantidade. Nova USGTV na emergência visualizou feto vivo com CCN 48 mm, com saco gestacional (SG) localizado em região parauterina direita, bem delimitado, gerando suspeita de gestação abdominal. Paciente transferida no mesmo dia para o Hospital Universitário Antônio Pedro, sendo realizada ultrassonografia (USG) pélvica que identificou saco gestacional bem definido fora da cavidade uterina, acima da bexiga, a qual estava repleta para a realização do exame. O exame foi repetido via vaginal, com a bexiga vazia, permitindo identificar feto vivo de CCN 42 mm compatível com 11 semanas, com SG localizado em região anexial direita, ovários não visualizados devido a dificuldade técnica. Não foi identificado líquido livre na pelve. Ao exame físico, paciente sem irritação peritoneal e dor abdominal aliviada com analgésicos rotineiros.

Resultado: Paciente foi submetida à laparotomia exploradora, identificando gestação ectópica rota em anexo direito com feto vivo, já em cavidade abdominal e sangramento em pequena quantidade.

Conclusão: A gestação ectópica é um agravo obstétrico que exige vigilância e cautela devido ao risco de se tornar uma emergência obstétrica que coloca em risco a vida materna. As trompas são o sítio mais comum de implantação ectópica, acarretando menor comprometimento materno quando identificado precocemente. Já a gestação abdominal merece minuciosa avaliação em decorrência da possibilidade de comprometimento de estruturas nobres maternas, e demanda uma abordagem conjunta com cirurgiões gerais a fim de minimizar o comprometimento materno.

Palavras-chave: emergência; gestação ectópica; tubas uterinas.


Gestação gemelar de mola hidatiforme completa com feto vivo evoluindo para neoplasia trofobléstica gestacional

Antônio Rodrigues Braga Neto 1

Gabriela Paiva Soares e Ladeira 1 *

Julia Fumian Breijão 1

Marcella Bragança Veras 1

Gabriel Fernandes Gonçalves 2

Leticia Fialho Manfrin 2

1Maternidade Escola da Universidade do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

2Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

*Autor correspondente: gabrielapslc@hotmail.com

Objetivo: Relatar caso de gestação molar-gemelar, gestação que apresenta coexistência de feto vivo (e, a princípio, viável) e degeneração molar.

Métodos: Revisão de dados do prontuário.

Resultados: A doença trofoblástica gestacional, entidade clínica que engloba tanto formas benignas quanto malignas de gestação anômala, atualmente tende a apresentar um quadro clínico menos exuberante, graças aos avanços em sua detecção e tratamento precoces. Uma exceção é a gestação molar-gemelar. Paciente MPNS, 37 anos, IIG 0P IA, gestante com subunidade beta da gonadotrofina coriônica humana (βhCG) inicial de 56.834 ­mUI/­mL apresentou sangramento transvaginal intermitente, em moderada quantidade, sendo submetida a ultrassonografia transvaginal (USGTV): útero aumentado de volume contendo saco gestacional (SG), embrião CCN de 5 cm compatível com 11 semanas e 6 dias, destacando-se volumosa lesão expansiva levemente heterogênea com pequenas lesões anecoicas de permeio mantendo íntimo contato com o SG. βhCG subsequentes de 1.541.378 e 1.881.508 ­mUI/­mL. Encaminhada à Maternidade Escola, optou-se pelo seguimento da gestação. Porém, a paciente evoluiu com hipertireoidismo, elevação pressórica e hemorragia. Decidiu-se prosseguir com interrupção da gestação e esvaziamento uterino. Iniciou-se sulfato de magnésio. Histopatológico compatível com abortamento de primeiro trimestre e mola hidatiforme completa. Após a alta hospitalar, a paciente manteve sangramento transvaginal, βhCG 625.806 m. Foi realizado USGTV com resultado sugestivo de restos molares, sendo realizado novo esvaziamento uterino. Em seguimento ambulatorial houve aumento de βhCG em 3 dosagens consecutivas e ressonância magnética com lesão heterogênea em cavidade endometrial e parede miometrial, região corporal e fúndica do útero, estendendo-se até istmo e paramétrios, além de nódulos pulmonares sugerindo metástases pulmonares múltiplas. Foi autorizado o início do tratamento poliquimioterápico no esquema EMA-CO.

Conclusões: A gestação molar-gemelar é uma condição rara, com incidência estimada de 1:22.000-100.000 gestações, e que tende a ser mais sintomática que a gestação molar única, com maior incidência de hemorragias, hipertireoidismo e pré-eclâmpsia precoce, bem como maior risco de malignização e ocorrência de metástases. A melhor conduta não está estabelecida, sendo a interrupção da gravidez determinada por complicações clínicas decorrentes da agressividade do crescimento do trofoblasto, como perda de peso materno, hiperêmese gravídica, hemorragia uterina profusa, pré-eclâmpsia e malignização.

Palavras-chave: mola hidatiforme; doenças em gêmeos; mola hidatiforme


Gestação molar ectópica: diagnóstico diferencial do sangramento de primeiro trimestre

Priscila Loyola Campos 1 *

Adriene de Lima Vicente Ferreira 1

Patricia Mendonça Ventura 1

Valéria Pereira de Moraes 1

Antônio Rodrigues Braga Neto 1

1Universidade Federal Fluminense - Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

*Autor correspondente: priloyolacampos@hotmail.com

Objetivo: O sangramento de primeiro trimestre da gravidez ocorre em 27% de todas as gestações. A etiologia desse sangramento é variada, sendo as mais comuns: ameaça de abortamento, abortamento espontâneo, gestação ectópica e doença trofoblástica gestacional. Estabelecer diagnóstico diferencial é difícil em função da semelhança entre as afecções de primeiro trimestre. Nesse contexto, a ultrassonografia transvaginal (USGTV) representa o principal método de escolha para avaliação, sendo imprescindível para diferenciar as possíveis causas diagnósticas e orientar sobre o manejo adequado. Este trabalho tem como objetivo ressaltar a importância dos critérios de imagem já estabelecidos na literatura na avaliação do sangramento de primeiro trimestre da gravidez, além de discutir suas possíveis dificuldades diagnósticas.

Métodos e material: JCSGS, 25 anos, apresenta como data da última menstruação 15 de novembro de 2016 e βhCG positivo de janeiro. Com sete semanas e dois dias de gestação, apresentou sangramento transvaginal em grande quantidade. Em USGTV realizada de emergência, evidenciou-se imagens anecoicas no endométrio. Foi, então, encaminhada ao Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP) para avaliação devido a hipótese de mola hidatiforme. Nova USGTV no HUAP descreveu imagens vesiculares em cavidade uterina e βhCG de 1998. Realizada a aspiração manual intrauterina (AMIU), com retirada de pequena quantidade de material amorfo, não característico de mola. No pós-operatório, a paciente continuou com dor abdominal, que foi atribuída a uma endometrite devido clínica compatível, e foi tratada com antibióticoterapia. Dez dias após a cirurgia, com persistência da dor intensa, foi realizada nova avaliação com USGTV, que evidenciou massa sólida justa ovariana à esquerda, sugestivo de gestação ectópica, comprovado pela ressonância magnética. O βhCG desse dia era de 2.421. O tratamento consistiu de salpingectomia esquerda e o laudo histopatológico foi de gestação molar ectópica tubária e endométrio com hiperplasia.

Conclusão: A presença de gestação ectópica associada a mola é rara, e não há estudos na literatura sobre sua incidência. O tratamento constitui da retirada cirúrgica da trompa acometida e esse seguimento não exclui a necessidade do acompanhamento da queda do βhCG para determinar a cura da doença. Logo, diante de um sangramento, o seguimento adequado da paciente é essencial para o diagnóstico e tratamento apropriado dos diferentes tipos de sangramento do primeiro trimestre.

Palavras-chave: mola hidatiforme; gravidez ectópica; hemorragia uterina.


Gestante HIV positiva com diagnóstico de hanseníase acompanhada no hospital universitário GAFFRÉE e GUINLE (HUGG): um relato de caso

Andrea Neves Soares 1 *

Regina Rocco 1

Adélia Carolina Souza Rodrigues Silva 1

Fernanda Campos da Silva 1

Valeria Cristina Soares Furtado 1

Rayane Carvalho Reinoso 1

1Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

*Autor correspondente: soaresandrea23@gmail.com

Objetivos: Relatar caso de gestante secundípara com sorologia positiva para HIV, diagnosticada com hanseníase durante pré-natal.

Material e métodos: Coleta de informações do prontuário obtidas em consultas ambulatoriais durante pré-natal no Hospital Universitário Gafree e (Guinle) HUGG e avaliou-se o estado nutricional inicial e final pelo índice de massa corporal (IMC) e pelo ganho ponderal.

Resultados: LOM, 34 anos, gestante, secundípara, primeira filha falecida, em 2012, aos 10 anos por complicações de HIV e tuberculose, ocasião em que a paciente teve diagnóstico de soropositividade. A paciente não teve diagnóstico de HIV durante primeira gestação, quando foi realizada apenas uma testagem no primeiro trimestre. Acometida por diversas infecções oportunistas desde 2012, como sífilis, HPV, herpes genital e infecção por citomegalovírus, que levou à perda da visão do olho esquerdo em dezembro de 2015. Há dois anos, refere parestesia progressiva em membros inferiores (MMII). Foi encaminhada ao neurologista que diagnosticou vasculite periférica, sendo o tratamento realizado não efetivo. Iniciou pré-natal atual no Serviço de Obstetrícia do HUGG, em outubro de 2016, relatando parestesia e apresentando lesões purulentas no pé direito, sendo a paciente encaminhada ao Serviço de Dermatologia. Foi diagnosticada variação neurítica da hanseníase, tratada com rifampicina e clofazemina. A paciente continuou relatando perda de força nos MMII e parestesia. No terceiro trimestre da gestação, também usando TARV (ritonavir, atazanavir, tenofovir e lamivudina), possuindo carga viral indetectável, testes rápidos para HIV e sífilis não reagentes e VDRL reagente 1:1. Paciente com 38 semanas no momento, foi a 9 consultas pré-natal, acima da média indicada pelo Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde (OMS). Manteve-se com níveis pressóricos adequados durante gestação. Iniciou pré-natal com IMC pré-gestacional (PG) adequado. Manteve IMC gestacional adequado e o ganho ponderal gestacional foi 11.75 kg, estando adequado, baseado no IMC PG, conforme a OMS.

Conclusões: Mostra-se necessário pré-natal com rígido controle para infecções oportunistas em pacientes HIV positivo, devendo o tratamento das mesmas ser realizado em Unidades Especializadas. Evidencia-se a importância do acompanhamento da obstetrícia com outras especialidades, como dermatologia e nutrição, para melhor assistência à gestante soropositiva. O número de consultas pré-natal foi fator de qualidade para diagnóstico e tratamento, possibilitando assistência mais efetiva à gestante.

Palavras-chave: HIV; hanseníase; pré-natal.


Índice de complicações hipertensivas durante gravidez, parto e puerpério no Rio de Janeiro e nos demais estados do Sudeste

Bianca Alves de Miranda 1

Fabiola Augusta Marinho Chaves 1 *

Vitor Pereira Scarpette 1

Carolina dos Santos Zeferino 1

Caroline Lopes Gonçalves de Andrade 2

1Escola de Ciências Médicas de Volta Redonda - Volta Redonda (RJ), Brasil.

2Universidade Severino Sombra - Vassouras (RJ), Brasil.

*Autor correspondente: fabiola_marinho@hotmail.com

Objetivos: Este estudo teve como objetivo avaliar o índice de complicações hipertensivas durante a gravidez, parto e puerpério no Sudeste.

Material e Métodos: Para este trabalho, foi realizado um estudo transversal epidemiológico com base nos dados do SINAM e do DATASUS, comparando o estado do Rio de Janeiro (RJ) com os demais estados da região Sudeste. Para a obtenção dos dados, as principais variáveis utilizadas foram internações, cor e raça, faixa etária e óbitos entre os anos 2012 e 2016.

Resultados: Totalizou-se 150.001 internações no Sudeste em cinco anos por transtorno hipertensivo em gravidez, parto e puerpério, representados por edema e proteinúria. O estado do RJ é o terceiro em internações, com 23.713, ficando atrás de São Paulo, com 80.047, e de Minas Gerais, com 39.762. No RJ, 34,5% das gestantes eram pardas, 16% brancas, 10,8% negras, 0,6% amarelas e 38% sem informação. No Sudeste ± 145 mil mulheres foram atendidas em caráter de urgência, sendo ±22 mil no RJ; ±4 mil partos foram eletivos no Sudeste, destes, ±1500 no RJ. A média do Sudeste de internação é de 3,9 dias; no RJ, é de 4,9 dias. No serviço público, o Sudeste atendeu ±58 mil gestantes (±14 mil no RJ); no privado, foram ± 92 mil atendimentos no Sudeste (± 8 mil no RJ). Gastos com serviços hospitalares foram ±R$ 73 milhões em todo o Sudeste e, no RJ, ±R$10 milhões. No RJ, 43,2% das gestantes tinham entre 20 e 29 anos; 35,5% entre 30 e 39; 14,5% entre 15 e 19; 5,8% entre 40 e 49; e 0,9% entre 10 e 14 anos. Registrou-se 150 óbitos no Sudeste; 23 no RJ, sendo 11 entre 20 e 29 anos e 8 entre 30 e 39 anos.

Conclusão: Dessa forma, foi evidenciado que as doença e crises hipertensivas durante a gravidez, parto e puerpério podem gerar complicações que contribuem significativamente para a morbimortalidade materno-fetal. A presença da tríade clássica (marcada por hipertensão sempre acompanhada de edema generalizado e/ou proteinúria) auxilia no diagnóstico de doença hipertensiva específica da gestação (DHEG). O pré-natal é de suma importância para a segurança de ambos durante a gestação, parto e puerpério, pois possibilita o tratamento e controle da hipertensão, evitando futuras complicações e diminuindo significativamente o risco de morbimortalidade materno-fetal.

Palavras-chave: hipertensão; gestação; eclampsia.


Índices nacionais de malformação do aparelho circulatório em nascidos vivos em cinco anos

Bianca Alves de Miranda 1

Fabiola Augusta Marinho Chaves 1 *

Vitor Pereira Scarpette 1

Carolina dos Santos Zeferino 1

Caroline Lopes Gonçalves de Andrade 2

1Escola de Ciências Médicas de Volta Redonda - Volta Redonda (RJ), Brasil.

2Universidade Severino Sombra - Vassouras (RJ), Brasil.

*Autor correspondente: fabiola_marinho@hotmail.com

Objetivos: Elucidar o perfil dos recém-nascidos (RN) com alguma má formação do sistema circulatório a fim de mapear e fornecer informações sobre o perfil de acometimento para tornar possível a criação de políticas públicas e investimentos organizados.

Material e Métodos: Estudo epidemiológico transversal com dados colhidos no DATASUS através do SINASC, com as variantes quanto ao RN, ao parto, à gestação e à gestante.

Resultados: A malformação do aparelho circulatório é caracterizada como qualquer anormalidade, seja ela estrutural ou funcional, no desenvolvimento fetal, podendo ter origem ambiental, genética ou desconhecida. Essa anomalia pode estar associada ou não a outras malformações, e a sua gravidade é variável, podendo ocultar-se frente a mínimos problemas acarretados ou até mesmo levar à morte. Tem mortalidade considerável, tornando necessário o diagnóstico precoce para controle ou resolução do problema e complicações. No SINASC, entre 2010 e 2014 foram registrados 9.563 nascidos vivos com alguma malformação do aparelho circulatório. Em dados absolutos, 6.594 foram no Sudeste, 1.569 no Sul, 864 no Nordeste, 331 no CO e 205 no Norte. Do total, 4.981 eram do sexo masculino, 4.530 do feminino e 52 tiveram esse dado ignorado. Ainda, do total, 57,7% eram brancos, 33,5% pardos, 5,93% negros, 0,93% amarelos, 0,20% indígenas e 2,11% ignorados. 95,8% das gestações foram tipo única, 69,6% dos partos foram cesáreos, quase 70% foram gestação a termo e 81,16% tiveram apgar no 1º min. >6. Do total de recém-nascidos, 73% nasceram com peso >2500g; 7,65% com peso muito baixo; e 19,4% nasceram com baixo peso. Mães solteiras totalizaram 42%; casadas, 41,9%; união estável, 12,06%; divorciadas, 1,7; viúvas, 0,24%; e o restante sem o cadastro. A faixa etária predominante das gestantes foi de 25 a 39 anos. Quanto ao pré-natal, 70,7% dos nascidos tiveram mais de 7 consultas no pré-natal, 20,7% tiveram entre 4 e 6 consultas, 5,83% entre 1 a 3 consultas, 1,91% não tiveram nenhuma.

Conclusão: O alto número de nascidos vivos apresentando malformações do aparelho circulatório reflete a importância do estudo epidemiológico dessa comorbidade nas diferentes regiões do Brasil. Sendo assim, ponderar o perfil dos acometidos é mandatório para nortear o manuseio adequado das malformações, bem como auxiliar a definição de medidas estratégicas que visem a reduzir esses índices.

Palavras-chave: cardiopatias congênitas; congênito; coração fetal


Oftalmopatia de graves na gestação e puerpério: relato de caso

Roberta Maria Resende Vieira Hergert 1 *

Claudia Maria Sant’anna 1

Eduardo da Rocha Azevedo 1

Andre Luiz Rodrigues Rangel 1

Kassie Regina Neves Cargnin 1

Silvia Waymberg 1

1Instituto de Endocrinologia da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

*Autor correspondente: robertavieira295@yahoo.com.br

Introdução: A Oftalmopatia de Graves (OG) é a manifestação extratireoidiana mais comum da Doença de Graves (DG). Ocorre em cerca de 50% dos pacientes, sendo clinicamente significativa em 5% deles. É rara na gestação e no pós-parto e não há recomendações específicas para o tratamento e nem dados de prevalência nesse período.

Relato de Caso: Paciente de 30 anos, com diagnóstico de DG anterior à gravidez, tratada com drogas antitireoidianas durante a gestação e pós-parto. Apresentou, com 20 semanas de gestação, atividade inflamatória oftálmica leve com lacrimejamento, eritema e edema palpebral bilateral, sendo tratada com medicação local. Exames laboratoriais: T4 livre: 1,3 ng/dL (0,7-1,9); TSH: 0,09 mcUI/mL (0,2-3,0); anticorpo antirreceptor de TSH (TRAB): 12,75 UI/L (até 1,75). Houve piora um mês após o parto, evoluindo para forma moderada, com dor ocular espontânea, lacrimejamento, eritema, edema palpebral e eritema conjuntival importantes bilateralmente. Proptose olho direito (OD): 22 mm, olho esquerdo (OE): 24 mm. Amamentação materna exclusiva. Iniciado prednisona oral 40 ­mg/­dia e intensificadas medidas de apoio como lágrimas artificiais, elevação da cabeceira da cama e óculos de sol. Paciente obteve melhora e, com 10 dias de medicação, possuía leve edema e eritema de pálpebras, permanecendo lacrimejamento, proptose e apresentando leucocitose como reação adversa. Optou-se por retirar medicação oral, manter a paciente em observação e eutireoidismo, com indicação de pulsoterapia se piora do quadro.

Conclusões: Na gestação há uma tolerância imunológica mediada pelo predomínio do padrão de células T helper 2, enquanto que o predomínio de resposta T helper 1 no pós-parto estaria associado à piora ou recidiva de doenças autoimunes. A ocorrência de OG nesse período é rara e seu surgimento ou progressão não são completamente estabelecidos, podendo relacionar-se a altos níveis de TRAB e ao não eutireoidismo. O tratamento de escolha para adultos com OG forma moderada é pulsoterapia com metilprednisolona IV 0,5 g/semana por 6 semanas, seguido de 0,25 g/semana por 6 semanas. Glicocorticoides sistêmicos seriam mais eficazes e melhor tolerados que os orais, porém não há dose segura e específica recomendada na gravidez e lactação. São categoria C para a gestação, devendo ser administrados apenas se os benefícios justificarem um potencial risco ao feto e na menor dose efetiva possível. Seu uso é compatível com a amamentação, mas não há dados de segurança para o uso em doses elevadas e períodos prolongados.

Palavras-chave: oftalmopatia de graves; gestação; puerpério.


Percepção da violência contra a mulher durante a gravidez

Sergio Araujo Martins Teixeira 1 *

Stella Regina Taquette 2

Denise Leite Maia Monteiro 2

Nádia Cristina Pinheiro Rodrigues 2

Danielle Bittencourt Sodré Barmpas 2

Alexandre Jb Trajano 2

1Hospital e Maternidade Terezinha de Jesus - Juiz de Fora (RJ), Brasil.

2Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

*Autor correspondente: sergioamt@gmail.com

Objetivo: Comparar a informação de histórico de violência por parte do parceiro contra a gestante com o tipo de violência sofrida, estado civil e escolaridade.

Material e Métodos: Estudo transversal com coleta de dados realizada de novembro de 2012 a maio de 2013, com 1.204 gestantes internadas no Núcleo Perinatal Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (HUPE/UERJ) e Hospital Estadual da Mãe (Mesquita). Utilizou-se o programa Epi-Info para banco de dados e análise de informações coletadas em entrevistas individuais com questionário. O estudo é parte de pesquisa financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), sob o nº E-26/110.351/2012.

Resultados: Foram 1.204 gestantes pesquisadas. Entre as 1.198 respostas (6 não responderam), 27,5% (330) relataram ter sofrido violência. Entretanto, esse número sobe para 42,6% (510) quando as mesmas entrevistadas são perguntadas sobre sustos, ameaças, chutes, insultos, humilhações, queimaduras, tapas e sexo por medo (p<0,001). A menor escolaridade mostrou-se associada à maior frequência de violência: das 429 mulheres que cursaram somente o ensino fundamental, algumas sem concluir, ou são analfabetas, 50,8% (218) referiram ter sofrido pelo menos algum dos tipos de violência perguntados, enquanto o relato ocorreu em 37,7% (291) daquelas com maior escolaridade (p<0,001). Já a relação com o estado conjugal e renda familiar não atingiu significância estatística.

Conclusão: A violência contra a gestante está associada à baixa escolaridade e frequentemente a mulher não tem percepção da violência. O conhecimento dos fatores associados à prática da violência é vital para fundamentar ações educativas durante o pré-natal, além de disponibilizar acompanhamento psicológico e de assistência social ao longo da gestação. A conscientização e a autoconfiança são condições essenciais para que a mulher exerça sua autonomia e mude o padrão de seus relacionamentos, protegendo em diferentes dimensões o binômio materno fetal.

Palavras-chave: violência; gestação; violência contra a mulher


Perfil epidemiológico de puérperas atendidas em banco de leite humano no ano de 2017

Laura Rabelo Freitas 1 *

Izabel Cristina Santos Teixeira 1

Oriana Vila Verde Kieling 1

Maria Bertilla Lutterback Riker Branco 1

Valéria Pereira de Moraes 1

Maria Eduarda Alexandre Carvalho 1

1Universidade Federal Fluminense - Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

*Autor correspondente: laura_26freitas@hotmail.com

Objetivos. Avaliar o perfil de pacientes atendidas no Banco de Leite Humano (BLH) do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP), instituição em funcionamento desde 2003, que realiza diariamente atendimento a gestantes e puérperas em acompanhamento de saúde pela rede pública e privada da cidade de Niterói e região metropolitana II. O BLH do HUAP prima pelo aleitamento materno exclusivo, realiza campanhas de incentivo à amamentação, oferece esclarecimento a gestantes e puérperas acerca de suas incertezas frente ao aleitamento.

Material e métodos: Avaliação dos formulários preenchidos durante o primeiro atendimento da paciente no BLH do HUAP de janeiro a maio/2017. De 64 formulários analisados, 3 foram excluídos por conterem informações incompletas.

Resultados: Dos 61 formulários avaliados, verificou-se que todas as pacientes eram puérperas. Destas, 72,2% (44) realizaram o pré-natal junto à rede privada e 27,8% (17) junto à rede pública de saúde. Durante o pré-natal, apenas 34,4% (21) receberam orientações sobre amamentação, em detrimento de 65,6% (40) das puérperas, que referiram não ter recebido quaisquer informações sobre aleitamento durante o pré-natal. Dentre as pacientes oriundas da rede privada, apenas 27,2% (12) foram orientadas no pré-natal sobre aleitamento; entre as pacientes atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), 52,9% (9) foram orientadas sobre amamentação no período pré-natal. Das 9 puérperas oriundas da rede pública que receberam orientação adequada sobre aleitamento (52,9%), 77,7% (7) realizaram pré-natal no HUAP. Verificou-se, ainda, que dentre as queixas apresentadas pelas pacientes, houve preponderância de doenças da mama tais como ingurgitamento, fissura mamilar, mastite e abscesso mamário nas 12 pacientes que não receberam qualquer tipo de orientação sobre o aleitamento no pré-natal (80%). De igual maneira, as dúvidas relativas à pega e posição foram preponderantes (84%) em 11 puérperas não orientadas no pré-natal. Outra situação observada nos formulários de atendimento do BLH refere-se à ansiedade apresentada pela puérpera com dificuldades de amamentação, expressivamente mais pontuada naquelas sem uma adequada orientação pré-natal acerca do aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida.

Conclusões: Um maior enfoque acerca da amamentação ainda durante pré-natal pode ser uma relevante estratégia na preservação da saúde física e psíquica das puérperas, impactando diretamente no sucesso do aleitamento materno.

Palavras-chave: aleitamento materno; amamentação; pré-natal.


Perfil sociodemográfico e reprodutivo de parturientes HIV-positivo em uma maternidade do Rio de Janeiro

Denise Leite Maia Monteiro 1 *

Abilene do Nascimento Gouvêa 2

Alexandre José Baptista Trajano 2,3

Isabella Rocha Soares 2,4

Mariana Romão Abrantes 2

Rachel de Gouvêa Ribeiro 2,4

1Centro Universitário Serra dos Órgãos. Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

2Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

3Universidade do Grande Rio - Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

4Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira - Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

*Autor correspondente: denimonteiro2@yahoo.com.br

Introdução: A infecção pelo HIV entre as mulheres no Brasil, do início da epidemia até hoje, tem evoluído de forma acelerada, constituindo um grande problema de saúde pública. Assim, é fundamental conhecer o perfil das mulheres para implementação de estratégias e políticas públicas eficazes na redução da transmissão vertical do HIV.

Objetivo: Identificar o perfil sociodemográfico e reprodutivo das mulheres portadoras do HIV que receberam assistência ao parto no Núcleo Perinatal da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) no período de janeiro de 2007 a janeiro de 2017.

Método: Estudo de coorte não concorrente com abordagem quantitativa. A população-alvo consistiu em 304 mulheres portadoras do HIV atendidas no serviço. Os dados foram descritos através de proporções, médias, desvios-padrão, medianas e respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%). O processo de entrada e análise estatística dos dados foi realizado através dos programas computacionais Epi-Info 3.5.2 e SPSS versão 20.

Resultados: O perfil sociodemográfico das parturientes soropositivas para o HIV atendidas mostrou que 95,1% das mulheres possuíam mais de 18 anos, com média de idade de 27,4±6,5 anos. Em relação à raça/etnia, 60,1% eram não brancas, com predominância de negras. Quanto à escolaridade, 50,9% possuíam 10 ou mais anos de estudo. A ocupação principal foi do lar (52,7%) e 42,2% das mulheres trabalhavam. Verificou-se que 51,1% possuíam uma relação estável, por serem casadas legalmente ou viverem em união estável; 48,9% eram solteiras. Quanto ao lugar de moradia, 99% residem na região metropolitana do estado do Rio de Janeiro, com maior concentração na capital (86,1%). Quanto ao número de gestações, 67,8% das mulheres possuem até três gestações e 32,2% engravidaram mais de três vezes. Quanto a abortos, 37,9% referiram ocorrência em gestações prévias, sendo 84,3% abortamentos do tipo espontâneo e 15,6% provocados.

Conclusão: Os dados demonstram maior vulnerabilidade ao HIV entre mulheres negras e com relacionamentos conjugais estáveis, além da multiparidade ser indicativa do não planejamento familiar, sinalizando a relevância no desenvolvimento de estudos voltados para a sexualidade, que lancem olhar sobre as práticas de casais em termos de prevenção à infecção ou à reinfecção por HIV.

Palavras-chave: transmissão vertical de doença infecciosa; HIV; gravidez.


Relato de caso: paciente gestante portadora de paralisia cerebral evoluindo com pré-eclâmpsia grave e insuficiência renal aguda no Hospital Federal dos Servidores do Estado

Ana Carla Zanchietta Nicolielo 1 *

1Hospital Federal dos Servidores do Estado - Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

*Autor correspondente: ananicolielo@hotmail.com

Resumo: Primigesta de 27 anos, com paralisia cerebral (PC) espástica com sequela motora, presença de rigidez muscular e afaxia, hipotireoidismo e glaucoma. O diagnostico de gestação foi feito por uma ultrassonografia em virtude de percepção familiar de distensão abdominal. O pré-natal foi iniciado com 26 semanas e6 dias de gestação, com acompanhamento pela psicologia visto que, em atendimento social, foi relatada violência sexual sofrida pela paciente. Admitida na UMF com 34 semanas e 3 dias, com história de descontrole pressórico nos últimos 4 dias. Avaliação clínica evidenciou pressão arterial (PA) 150x100 mmhg e edema de membros inferiores 2+/4+. Não houve alterações no exame obstétrico. Foi iniciada investigação de pré-eclâmpsia. Concomitantemente, foi realizada a avaliação da vitalidade fetal. Ultrassonografia obstétrica com peso fetal no percentil 41,7; normodramnia e Doppler de artéria umbilical normal. Após 19 horas de internação hospitalar (Hospital Federal dos Servidores do Estado), evoluiu com quadro de vômitos incoercíveis, gemência e anasarca. Até então, não apresentava critérios de pré-eclâmpsia grave, porém evoluiu com curva de PA com todos os valores registrados acima de 140x90 mmgh. Uma vez que não há benefício da introdução de anti-hipertensivos nesse momento, foi indicada interrupção da gestação. Após monitorização pela equipe de anestesistas, a mesma apresentou PA 220x130 mmgh. Acesso venoso periférico bem como anestesia regional de difícil realização. Optou-se pela anestesia geral com punção de veia profunda. Paciente se manteve hipertensa e anúrica em todo procedimento. No momento da extubação, paciente ficou hipoxemica, com saturação 2,68%; foi entubada novamente, evoluindo com acidose metabólica grave não compensada. Encaminhada para unidade fechada com uso de noradrenalina, abrindo um quatro de insuficiência renal aguda com indicação de dialise. A hipótese diagnóstica inicial foi de necrose tubular aguda pela sua prevalência na pré-eclâmpsia grave, porém paciente permanece anúrica por 72 horas, tornando a necrose cortical renal sua principal hipótese diagnóstica.

Conclusão: Gestantes com PC devem despertar mais atenção nas manifestações clínicas patológicas da gestação devido às restrições da doença de base e dificuldade da relação médico paciente. A pré-eclâmpsia grave e as suas complicações são a principal causa de morte materna e perinatal. É um processo dinâmico, pois é uma doença progressiva. A necrose cortical renal na sua forma clínica apresenta-se com anúria e manifestações de uremia. O seu prognostico depende da extensão da lesão.

Palavras-chave: pré-eclâmpsia; gestação; gravidez de alto risco


Relato de caso: trombofilia por mutação do fator V de leiden - heterozigoto

Leonardo Ferraz Marques D’oliveira 1 *

Monique Reis Queiroz 1

Bruna Lahud Abreu Netto 1

Sumara Vargas Hübner Valinho 2

Kathelyn Ferreira Cordeiro 1

Manuela Queiroz Azevedo 3

1Faculdade de Medicina de Campos - Campos dos Goytacazes (RJ), Brasil.

2Faculdade de Medicina; Universidade Iguaçu - Itaperuna (RJ), Brasil.

3Faculdade de Medicina da Souza Marques - Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

*Autor correspondente: leo_doliveira@hotmail.com

Objetivos: Descreve-se um caso de uma paciente gestante portadora de mutação heterozigota para o Fator V de Leiden (FVL).

Material e Métodos: As informações foram obtidas por meio de revisão dos exames laboratoriais e pré-natais, e entrevista com a própria paciente.

Resultados: Desfecho obstétrico favorável, fazendo uso de anticoagulantes e acompanhamento adequado com especialistas, após três abortos e morte fetal em terceiro trimestre.

Conclusão: A mutação do Fator V de Leiden é uma das principais causas de trombofilia hereditária, predispondo a eventos tromboembólicos venosos e se associando a limitação do crescimento intrauterino e aborto. Essa alteração genética possui caráter autossômico dominante e resulta em resistência do Fator V de coagulação à clivagem pela proteína C. Tal condição clínica associada à gravidez gera instabilidade hemodinâmica potencialmente grave ao feto, exigindo acompanhamento e monitoramento constante das pacientes com essa mutação.

Palavras-chave: fator V; trombofilia; heterozigoto.


Repercussões da pré-eclâmpsia no organismo da gestante e do recém-nascido

Daniela Celano de Sampaio 1 *

Fátima Regina Dias de Miranda 1

1Hospital Universitário Pedro Ernesto - Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

*Autor correspondente: danicel@hotmail.com

A gestação é um fenômeno fisiológico; todavia, em algumas mulheres pode ocorrer agravo em sua evolução, colocando em risco a saúde da mãe e do concepto. As Síndromes Hipertensivas Gestacionais (SHG) são a complicação mais comum e a principal causa de morbimortalidade materna e fetal, sendo a pré-eclâmpsia responsável pelos piores resultados.

Objetivo: é analisar as repercussões da pré-eclâmpsia no organismo da gestante e do recém-nascido do Núcleo Perinatal da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) no ano de 2013. Os objetivos específicos são descrever as condições obstétricas dessas gestantes, identificar possíveis fatores de risco associados à ocorrência de síndromes hipertensivas gestacionais e descrever as condições de nascimento do feto.

Métodos: estudo descritivo, seccional e retrospectivo realizado por meio de coleta de dados secundários obtidos através de sumários de internação das gestantes que pariram no Hospital Universitário Pedro Ernesto. Foi realizada a análise dos dados e os resultados quantificados em gráficos e tabelas.

Resultados: Observou-se que 8% das gestantes apresentaram SHG, a maioria encontrava-se na faixa etária de 20 a 48 anos. As complicações neonatais mais prevalentes foram a prematuridade (62,3%) e o baixo peso (36,4%).

Conclusão: Foi evidenciado que a prevalência das SHG entre as gestantes no Hospital Universitário Pedro Ernesto corrobora com os dados da literatura; já o óbito perinatal, prematuridade e baixo peso ao nascer alcançaram porcentagem inferior às observadas em outros estudos. Dessa forma, este estudo ratifica que a assistência pré-natal desempenha papel importante na prevenção das complicações neonatais.

Palavras-chave: pré-eclâmpsia; gravidez de alto risco; gravidez.


Resultado de gestações após cirurgia bariátrica

Vera L. M. Fonseca 1

Jorge L. P. Barreto 1

Brenda Rios 1

Geórgia R. Marim 1

Nathasha M. Siston 1 *

Suellen C. Scoqui 1

1Disciplina de Saúde da Mulher II. Universidade Estácio de Sá - Rio de Janeiro (RJ), Brasil;

*Autor correspondente: nathasha_siston@hotmail.com

Introdução: A obesidade é uma doença crônica de etiologia multifatorial. Seu tratamento envolve diversas formas de abordagem, tais como: exercício físico, reeducação alimentar, mudança comportamental, medicações e cirurgia. A cirurgia bariátrica tem se mostrado uma alternativa de grande auxílio para os pacientes obesos mórbidos (IMC≥40 kg/m2) que não obtiveram êxito com o tratamento conservador. Com o aumento do número de cirurgias bariátricas nos últimos anos, cada vez mais mulheres em idade fértil têm sido submetidas a esse procedimento. Sabe-se que a obesidade é uma das causas de infertilidade e que gestantes obesas são mais vulneráveis a complicações como diabetes, hipertensão arterial, pré-eclâmpsia, prematuridade e malformação fetal.

Objetivo: O presente estudo consiste em uma revisão da literatura disponível sobre os resultados, benefícios e prosseguimento das gestações após gastroplastia redutora.

Métodos: Foi realizado levantamento de artigos relacionados ao tema deste trabalho desde 2007 até 2017 fornecidos gratuitamente na biblioteca eletrônica SciELO, portal de periódicos CAPES/MEC e base de dados MEDLINE.

Resultados: Foi observado que as gestações ocorridas após cirurgia de restrição gástrica, disabsorção intestinal ou cirurgia mista apresentaram menor índice de complicações materno-fetais como: hipertensão, pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, macrossomia - e que a perda de peso favorece o aumento da fertilidade e diminuição das comorbidades relacionadas à obesidade. Por outro lado, ainda vale ressaltar que a gestação após cirurgia bariátrica pode ter complicações como: parto prematuro, baixo peso ao nascer, defeitos do tubo neural, retardo mental, desnutrição fetal e osteomalácia materna.

Conclusão: A cirurgia bariátrica para tratamento da obesidade leva a melhores condições fisiológicas, hormonais e nutricionais para as mulheres, e, portanto, os benefícios desta modalidade de tratamento parecem ser superiores aos riscos. Por fim, se as mulheres submetidas a cirurgia forem orientadas a realizar consulta pré-concepcional e seguirem com assistência pré-natal adequada, podem esperar uma gestação com menos intercorrências.

Palavras-chave: gravidez de alto risco; gravidez; cirurgia bariátrica.


Sífilis na gravidez: panorama do agravo e da transmissão vertical no município de Macaé, Rio de Janeiro (RJ), Brasil

Bárbara Soares de Oliveira Souza 1 *

Raquel Miguel Rodrigues 1

Raquel Maciel de Lima Gomes 1

1Universidade Federal do Rio de Janeiro - Macaé (RJ), Brasil.

*Autor correspondente: bah_cambuci@hotmail.com

Objetivo: Identificar os casos de sífilis gestacional ocorridos no município de Macaé, Rio de Janeiro (RJ), Brasil, no ano de 2016.

Metodologia: Estudo descritivo, transversal, quantitativo, desenvolvido pelo Observatório de Políticas Públicas, Educação e Cuidado em Saúde de Macaé (RJ) e, realizado a partir dos dados fornecidos pela vigilância epidemiológica municipal, por meio de informações contidas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).

Resultados: Durante o ano de 2016 foram notificados 133 casos de gestantes acometidas com a infecção. A grande maioria dessas parturientes apresentavam a forma primária ou secundária da doença. No que diz respeito à idade gestacional, 47 casos se associaram ao primeiro e ao segundo trimestre. A maior incidência (51,1%) foi observada entre as gestantes na faixa etária de 20 a 29 anos. O teste não treponêmico foi reativo em 126 casos, e só há 28 registros da realização do teste trepônemico. Em relação ao tratamento do parceiro, a terapia medicamentosa esteve presente somente em 20 casos. Os principais motivos para esse insucesso foram a falta de contato com a gestante, seguido da não convocação à unidade de saúde para o tratamento. No mesmo período, foram notificados 35 casos de sífilis congênita. Desse contexto, o acompanhamento pré-natal foi realizado em 91,4% das gestações. Todavia, a sífilis materna foi diagnosticada no momento do parto, curetagem ou após o parto em 20% dos casos. O tratamento foi considerado inadequado ou não realizado nas parturientes em cerca de 57% das notificações.

Conclusão: A sífilis gestacional pode ser facilmente prevenida pelo rastreio pré-natal e terapêutica adequada. No entanto, a persistência da transmissão vertical demonstra a necessidade de novas estratégias para o enfrentamento desse agravo.

Palavras-chave: sífilis; doenças sexualmente transmissíveis; epidemiologia.


Síndrome de Herlyn Werner Wunderlich e manejo adequado na gestação

Adriene de Lima Vicente Ferreira 1 *

Patricia Mendonça Ventura 1

Priscila Loyola Campos 1

Cristiane Alves Oliveira 1

Valéria Pereira de Moraes 1

Antonio Camilo Leote Pacheco Pereira Leite 1

1Universidade Federal Fluminense - Niterói (RJ), Brasil.

*Autor correspondente: adrieneferreira5@gmail.com

Objetivo: A Síndrome de Herlyn Werner Wunderlich (SHWW), é uma anomalia mulleriana congênita rara, que se caracteriza por útero didelfo, septo vaginal e agenesia renal ipsilateral. Acredita-se que a ocorrência da síndrome seja por falha de fusão lateral e vertical das estruturas mullerianas e que a proximidade do primórdio mesonéfrico (que dá origem ao rim e ureter) e ducto paramesonéfrico. Isso explica o fato de as anomalias renais e do trato urinário estarem associadas a defeitos do sistema reprodutor. A incidência das anomalias mullerianas não é bem estabelecida ­(0,1-6%), sendo essas frequentemente reconhecidas na puberdade por meio de desordens menstruais. O diagnóstico realizado tardiamente pode ser feito a partir de infertilidade, endometriose ou por complicações obstétricas. Ressaltar a importância do manejo adequado da gestante com malformação mulleriana em pré-natal de alto risco e desfecho favorável.

Material e método: Relato de caso do pré-natal de alto risco do Hospital Universitário Antônio Pedro de gestante adolescente, 16 anos, portadora de SHWW, fístula reto vaginal corrigida um ano após o nascimento, insuficiência renal crônica, com ultrassonografia de vias urinárias evidenciando rim único, vicariante à direita, acompanhada em conjunto pelo serviço de nefrologia, com exames periódicos para avaliação de possível progressão para hidronefrose, apresentou durante a gestação infecções urinárias de repetição fazendo uso de antibioticoterapia profilática. A gestação evoluiu de forma saudável, sendo realizada cesariana em função de reconstrução perineal prévia, útero didelfo e septo vaginal.

Resultados: A SHWW é uma anomalia congênita rara, em muitos casos diagnosticada tardiamente, e esse atraso representa agravamento no prognóstico e desenvolvimento de complicações agudas ou crônicas como endometriose, infertilidade e dificuldades em manter a gestação a termo. A ressonância magnética é padrão ouro no diagnóstico; entretanto, a ultrassonografia tem papel estabelecido na gestação.

Conclusão: O manejo adequado da gestante com SHWW é de extrema importância no que se refere à evolução da gestação a termo, evitando possíveis problemas como abortamento de repetição, prematuridade e outras complicações obstétricas que aumentam as taxas de morbimortalidade perinatal.

Palavras-chave: prematuridade; gravidez de alto risco; gravidez.


Sindrome de Marfan e insuficiência placentária: relato de caso

Adriene de Lima Vicente Ferreira 1 *

Patricia Mendonça Ventura 1

Hanna Miranda Dias 1

Cristiane Alves Oliveira 1

Valéria Pereira de Moraes 1

Luciano Antônio Marcolino 1

1Universidade Federal Fluminense - Niterói (RJ), Brasil.

*Autor correspondente: adrieneferreira5@gmail.com

Objetivo: Síndrome de Marfan é uma condição autossômica dominante, com incidência estimada de 2-3 por 10.000 habitantes, que afeta o tecido conjuntivo, acometendo principalmente os sistemas esquelético, ocular e cardiovascular, não tendo predileção por sexo ou grupos étnicos. A patogênse é desconhecida; acredita-se que mutações no gene da fibrilina (FBN1), localizado no cromossomo15q21, seja o responsável pelos padrões de alterações observadas na Síndrome de Marfan. A fibrilina 1 é uma proteína altamente resistente, principal componente estrutural da elastina em microfibrilas do tecido conjuntivo, que se distribui por todo corpo e são particularmente abundantes na aorta. A dilatação da raiz aórtica e prolapso da valva mitral são as principais apresentações entre as malformações cardiovasculares da Síndrome de Marfan. A mortalidade precoce resulta primariamente de complicações associadas à dilatação da aorta. Esse trabalho visa a ressaltar a importância do acompanhamento de gestante portadora de Síndrome de Marfan em pré-natal de alto risco e desfecho favorável.

Material e Método: Relato de caso de paciente acompanhada no serviço de cardiologia e pré-natal do Hospital Universitário Antonio Pedro, 18 anos, primigesta, portadora de Síndrome de Marfan, apresentando dilatação em tronco de artéria pulmonar com leve regurgitação associada à cifoescoliose. A gestação evoluiu até 35 semanas, sendo submetida a cesariana após avaliação fetal mostrar insuficiência placentária em ultrassonografia obstétrica. Procedimento realizado em 40 minutos, sem intercorrência, pelo risco de aneurisma e ruptura aórtica, complicações inerentes à doença de base. Recém-nato encaminhado à unidade de terapia intensiva por prematuridade; apresentou evolução satisfatória.

Resultado: Devido à doença cardiovascular preexistente e ao potencial para complicações cardiovasculares e respiratórias agudas, a paciente teve acompanhamento multidisciplinar, o que refletiu no manejo adequado do caso durante a gestação, resultando em desfecho favorável.

Conclusão: As gestantes com síndrome de Marfan têm potencial para apresentar dissecção aórtica aguda, especialmente em condições de dilatação da raiz aórtica e morte fetal com risco aumentado em terceiro trimestre. O acompanhamento multidisciplinar, adequado durante a gestação pode resultar em desfecho favorável para a mãe e o concepto.

Palavras-chave: óbito; gravidez de alto risco; gravidez.


Tratamento extraútero intraparto para malformação cervical congênita: relato de caso

Rafaela Broglio Vasques 1 *

Marisa Broglio 2

Giovani Broglio Vasques 3

Andrea Neves Soares 1

Tiago Sarmet Esteves Teixeira 1

Marcos Broglio 2

1Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

2Hospital Samaritano de Campinas - Campinas (SP), Brasil.

3Faculdade de Medicina de Jundiaí - Jundiaí (SP), Brasil.

*Autor correspondente: rafaelabvasques@otlook.com

Objetivo: Relatar procedimento de sucesso com o tratamento extraútero intraparto (EXIT), aplicado em higroma cístico cervical congênito diagnosticado no período gestacional.

Material e Métodos: As informações foram obtidas através de coleta e análise de dados contidos em prontuário médico, após consentimento da paciente.

Resultados: O procedimento tem como objetivo promover o relaxamento uterino, mantendo a circulação fetoplacentária, para que não haja descolamento de placenta precoce e, por consequência, hipóxia fetal, até que a via aérea fetal esteja estabelecida. Primigesta, 36 semanas e 4 dias, com diagnóstico fetal de massa cervical congênita. No presente caso clínico, a técnica anestésica escolhida foi a anestesia geral balanceada, com colocação de cateter epidural. O relaxamento uterino foi conseguido com a administração de isoflurano a 2-3%. Foi realizada histerotomia com liberação parcial do feto, seguida de manobras de laringoscopia e intubação traqueal com auxílio de broncoscópio rígido, obtendo saturação periférica de oxigênio em 90% e frequência cardíaca de 100 batimentos por minuto. Assegurada a via aérea, procedeu-se à exteriorização fetal total, com pinçamento do cordão umbilical. Para retorno da contração uterina, foi administrado 20 UI de ocitocina endovenosa, seguida de 0,2 mg de metilergonovina.

Conclusões: O diagnóstico pré-natal de malformações fetais na região cervical ou oral com obstrução das vias aéreas superiores permite que o acompanhamento materno-fetal durante a gestação seja feito de maneira mais adequada, reduzindo a morbimortalidade perinatal. Além disso, vale ressaltar que o sucesso do procedimento deve-se à atuação da equipe multidisciplinar composta por anestesista, obstetra, cirurgião pediátrico, neonatologista, endoscopista ou broncoscopista e enfermeiros.

Palavras-chave: gravidez de alto risco; gravidez; anormalidades congênitas.


Uso de misoprostol em obstetrícia

Fabiola Augusta Marinho Chaves 1 *

Júlio César Soares Aragão 1

1Escola de Ciências Médicas de Volta Redonda - Volta Redonda (RJ), Brasil.

*Autor correspondente: fabiola_marinho@hotmail.com

Objetivos: O presente trabalho faz uma revisão de literatura com objetivo de ter uma visão geral sobre o uso, indicações e contraindicações do misoprostol na obstetrícia.

Material e Métodos: Para isso foram coletados e analisados 30 artigos acadêmicos nas línguas portuguesa, espanhola, e inglesa no intervalo de 2005 a 2014, além de alguns artigos clássicos, fazendo uso das seguintes bases de dados: Pubmed, SciELO, Google Acadêmico e LILACS.

Resultados: O misoprostol é um análogo metílico da PGE1, tem ação antissecretora e propriedades protetoras da mucosa, além de provocar o aumento da contratilidade uterina, induzir o desenvolvimento de contrações e causar o apagamento do colo do útero, facilitando a dilatação necessária à realização de procedimentos obstétricos. O misoprostol 800 mcg vaginal em dose única é uma alternativa segura e eficaz em relação à curetagem uterina, para gestação interrompida no primeiro trimestre, também diminui o tempo de indução e início do trabalho de parto, do indicador de cesariana, hemorragia pós-parto, além de ser indicado como um agente terapêutico baseado em tratamento etiológico da fase latente prolongada. A dose atualmente recomendada na indução de parto pelo Ministério da Saúde do Brasil e pelo American College of Obstetricians and Gynecologists é de 25 mcg vaginal a cada três ou seis horas. O uso tanto pela via oral como a vaginal, com dilatação cervical, tem se mostrado eficiente antes da aspiração a vácuo em mulheres grávidas. A dose de 400 mcg de misoprostol administrado 3 horas antes dos procedimentos é recomendada como uma dose ótima. Já no uso pré-operatório de 400 mcg de misoprostol sublingual durante a anestesia com isoflurano para cesariana foi associado a uma redução significativa de 71,6% da perda de sangue no período perioperatório. Deve-se atentar para seu uso indevido como abortivo e a existência de relatos de casos de malformações congênitas, principalmente a Síndrome de Moebius.

Conclusão: O misoprostol é importante na prática obstétrica, sendo indicado para tratamento de aborto retido, indução de trabalho de parto, em situações que colo uterino não apresenta dilatações, pode encurtar o tempo de operação, reduzir a frequência de complicações e do indicador de cesariana, além de ser usado na profilaxia da hemorragia pós-parto. É um medicamento estável, seguro, eficaz, barato e de fácil administração, que lhe garantem ampla empregabilidade do seu uso clínico na obstetrícia atual.

Palavras-chave: misoprostol; aborto; parto obstétrico.


Útero Didelfo e diagnóstico precoce: gestação com desfecho favorável

Adriene de Lima Vicente Ferreira 1 *

Patricia Mendonça Ventura 1

Priscila Loyola Campos 1

Maria Aparecida Malta Esteves 1

Valéria Pereira de Moraes 1

Luciano Antônio Marcolino 1

1Universidade Federal Fluminense - Niterói (RJ), Brasil.

*Autor correspondente: adrieneferreira5@gmail.com

Objetivo: As malformações uterinas são secundárias à falha de desenvolvimento, reabsorção ou fusão dos ductos müllerianos, cuja prevalência é de 5-6%. Quando ocorre falha completa da fusão dos ductos müllerianos, origina-se a anomalia chamada útero didelfo; são responsáveis por 15% das perdas gestacionais do segundo trimestre, podendo cursar com apresentação fetal anômala, descolamento prematuro de placenta, retardo de crescimento intrauterino e infertilidade. A ressonância magnética (RM) é o método diagnóstico eficaz para delinear o contorno interno e externo do útero, porém de alto custo, sendo a ultrassonografia preciosa ferramenta complementar ao raciocínio clínico com papel já estabelecido na avaliação diagnóstica das malformações uterinas. Esse trabalho visa a ressaltar a importância do acompanhamento de gestante com malformação mülleriana em pré-natal de alto risco e desfecho favorável.

Material e Método: Relato de caso acompanhado no Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) de paciente com 26 anos, sob avaliação durante 5 anos no ambulatório de infertilidade e diagnóstico obtido por exame físico com investigação complementar através de imagem. A mesma engravidou de forma natural, evoluindo de forma satisfatória a termo e cesariana com 39 semanas. Após 6 meses da cesárea, paciente tem nova gestação espontânea que evoluiu até 40 semanas. Finalizada gestação com cesárea sem intercorrência. Ambas as gestações foram acompanhadas em pré-natal de alto risco, com propedêutica materno fetal adequada a fim de garantir o desfecho favorável da gestação.

Resultados: O útero didelfo é uma anomalia que representa 26% das malformações uterinas, essas alterações estruturais do útero podem manifestar-se, ainda, aumentando a morbidade obstétrica, causando retenção placentária, subinvolução uterina e hemorragia ou mesmo oligomenorreia, dismenorreia, sangramento uterino disfuncional e dispareunia. O diagnóstico precoce das malformações müllerianas e acompanhamento rigoroso em pré-natal de alto risco possibilitou a evolução satisfatória de ambas gestações ao termo.

Conclusão: As anomalias congênitas do útero são raras, por vezes assintomáticas e têm sido associadas a resultados reprodutivos adversos. O diagnóstico precoce de malformações uterinas e manejo adequado na gravidez permitem a evolução satisfatória da gestação.

Palavras-chave: prematuridade; anormalidades congênitas; gravidez de alto risco.


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